Algumas pessoas se mostraram interessadas no trabalho que apresentei no Encontro Sul-Brasileiro de Análise do Comportamento. Como não posso postar o artigo na íntegra antes de ser publicado, lhes darei o resumo expandido nesse post. Espero que gostem. Quaisquer perguntas, sintam-se livres para fazer. Segue abaixo:
Resumo
Introdução: Os mecanismos de defesa foram
elaborados na teoria psicanalítica de S. Freud e designam diferentes operações
mentais que têm como principal função proteger o indivíduo daquilo que lhe
possa causar algum sofrimento psíquico. Segundo teóricos psicanalíticos, todos
esses mecanismos se processam pelo ego, sendo, em sua maioria, inconscientes.
Já o ego é considerado parte de uma estrutura mental, na qual ainda existem
outras duas estruturas chamadas id e superego, que compõem a tríade mental que
determina como se dá a personalidade do indivíduo. Essa tríade surge da
necessidade do organismo de fazer transações entre o mundo interno e o mundo
objetivo externo. Entretanto, todos esses conceitos partem (e fazem parte) de
explicações mentalistas para o comportamento. Explicações essas que, para os
behavioristas radicais, são no mínimo insuficientes e insatisfatórias, uma vez
que o comportamentalismo entende que a maneira pela qual um organismo se
comporta depende muito mais de variáveis ambientais das quais o comportamento é
função do que de uma possível mente de natureza imaterial. Visto isto, esta
pesquisa teve como objetivo principal entender como o Behaviorismo Radical
poderia contemplar alguns mecanismos de defesa freudianos pautando-se não em
uma estrutura mental para explicar estes fenômenos, mas na sua relação com o
controle aversivo, com princípios do reforçamento negativo, dos comportamentos
de fuga e esquiva e também da punição.
Método: Este projeto foi realizado com base
em livros e artigos científicos nacionais e internacionais, em textos do
próprio Skinner e do Freud, bem como seus comentadores contemporâneos que
expõem conceitos de mecanismos de defesa, na visão de ambos os autores; de
controle aversivo, fuga e esquiva e outros conceitos que possam explicar alguns
mecanismos de defesa. Para tanto, foi realizada uma pesquisa bibliográfica, a
fim de contemplar a relação entre estes conceitos e entender qual é a visão do
Behaviorismo Radical sobre os mecanismos de defesa ditos inconscientes pela teoria
psicanalítica de Freud.
Resultados: Os mecanismos de defesa, para
psicanálise, servem basicamente para defender o ego daquilo que ele não está
preparado para enfrentar. Talvez tais mecanismos possam ser descritos em
comportamentos de fuga e esquiva que um indivíduo apresenta quando está sob
controle aversivo. Visto isso, esta pesquisa contemplou a análise dos seguintes
mecanismos: repressão, negação, projeção, sublimação, formação reativa e
identificação. Sob a visão psicanalítica, a repressão seria considerada um
mecanismo que mantém fora da consciência impulsos, ideias e sentimentos que são
inaceitáveis por provocarem ansiedade. A negação seria o bloqueio de algumas
percepções do mundo externo ou a negação da própria existência para se
proteger. O mecanismo de projeção poderia ser descrito como um processo da
mente pelo qual características do próprio indivíduo não são aceitas
conscientemente, e assim, atribuídas ao meio. Já a formação reativa seria a
adoção de um comportamento oposto à tendência reativa que o sujeito tenta
esconder. A sublimação seria explicada como desejos inaceitáveis que são
expressos de forma socialmente aceita; e na identificação, a pessoa assumiria
características de outra e as adequariam à sua própria personalidade. As explicações
behavioristas apresentadas para se entender os mecanismos de defesa mostra que
esses fenômenos estão potencialmente relacionados com o reforçamento negativo,
que, por conseguinte, associam-se a comportamentos de fuga e esquiva que o
indivíduo pode apresentar, num primeiro momento. Assim, a repressão pode ser
explicada como um comportamento de esquiva em relação às contingências
aversivas semelhantes às que causaram um dado trauma ou a falta de
sensibilidade a essas contingências. A negação seria basicamente a fuga de
situações potencialmente aversivas, que causariam demasiado sofrimento. A
projeção teria uma relação com a supressão do comportamento punido ou com o
comportamento que fosse ao menos passível de punição. A formação reativa
poderia ser explicada por meio da emissão de um comportamento incompatível com
o punido. A sublimação, por sua vez, poderia ser explicada como um
comportamento que é emitido de modo a receber reforçamento positivo. E, por
fim, a identificação poderia ser explanada recorrendo-se ao princípio do
comportamento imitativo.
Discussão:
Concluiu-se que os mecanismos de defesa estão relacionados com fuga e
esquiva, podendo ser mantidos pelo reforçamento negativo além de poderem estar
relacionados com a busca pelo reforçamento positivo e com comportamento
imitativo. Freud contribuiu para o conhecimento humano, mas as variáveis
ambientais tiveram papel secundário em sua teoria. Por fim, concluiu-se que as
explicações mentalistas não ficam num domínio comportamental para explicar atos
humanos, mas partem deles para inferir causas internas ao comportamento.
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Obg por compartilhar isso conosco de forma gratuita. Quando será publicado? Você tem ideia? Gostaria de ler..
ResponderExcluirObg por compartilhar isso conosco de forma gratuita. Quando será publicado? Você tem ideia? Gostaria de ler..
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