sexta-feira, 9 de março de 2012

Do Condicionamento Pavloviano ao Pequeno Albert



Não posso falar do Behaviorismo Metodológico de Watson e simplesmente pular para o Behaviorismo Radical sem antes escrever um pouco sobre um dos principais senhores antecedentes ao Behaviorismo: Ivan Petrovich Pavlov.
No texto anterior, quando dei uma pincelada sobre as artimanhas do Watson, não pude deixar de citar o chamado reflexo condicionado. Este termo foi cunhado por Pavlov, que se formou em medicina, mas não para se tornar médico, simplesmente para prosseguir em pesquisas fisiológicas.
Pavlov chegou à conclusão da existência do reflexo condicionado (reflexo aprendido) quando estudava os reflexos inatos em seus sujeitos experimentais, ou seja, os sujeitos que utilizava para fazer suas pesquisas, que no caso, eram os cães.
Por reflexos inatos entendemos os comportamentos característicos das espécies, ou seja, comportamentos naturalmente selecionados pela história filogenética de cada espécie, que precisa de uma alteração no ambiente para fazer com que o sujeito exiba um determinado tipo de comportamento (resposta). Por exemplo, a contração e dilatação da pupila (resposta) diante de diferentes intensidades luminosas (alteração no ambiente), a aceleração do batimento cardíaco (resposta) diante de uma situação inesperada, de medo ou susto (alteração no ambiente), o aparecimento do suor (resposta) num dia de sol escaldante (alteração no ambiente), o comportamento de chorar (resposta) quando se está cortando uma cebola (alteração no ambiente) e até mesmo o salivar (resposta) diante do sabor de uma comida apetitosa (alteração no ambiente).
E foi através do estudo específico deste último reflexo em seus cães que Pavlov chegou ao conceito de reflexo condicionado. Como?
“Ele estudava especificamente o reflexo salivar (alimento na boca -> salivação). Em uma fístula (um pequeno corte) próxima às glândulas salivares de um cão, Pavlov introduziu uma pequena mangueira, o que permitia medir a quantidade de saliva produzida pelo cão em função da quantidade e da qualidade de comida que era apresentada a ele.” (Moreira & Medeiros, p. 31)
Através dessa observação, Pavlov descobriu que outros estímulos ambientais, além da comida estavam eliciando o comportamento de salivação. Ele descobriu que somente a visualização da comida pelo cão já o fazia salivar, assim como o ambiente do laboratório e até mesmo a hora em que os experimentos eram realizados freqüentemente.
Sendo assim, Pavlov fez outro experimento: utilizou do barulho de um sino toda vez que apresentava comida ao cão. Primeiro ele apresentava carne ao animal e logo depois fazia barulho com o sino. O que ele estava fazendo, chamamos de emparelhamento de estímulos (apresentar um estímulo logo após o outro). Depois de cerca de 60 emparelhamentos de carne + som do sino, Pavlov utilizou somente o som do sino e mediu a quantidade de saliva produzida pelo cão. Ele observou que a audição do som por parte do cão o fez salivar como se a comida estivesse presente. Logo, o que o cão fez foi aprender um novo reflexo: salivar ao ouvir o sino. E é daí que vem o nome reflexo condicionado (aprendido) ou mais formalmente: Condicionamento Pavloviano.  
Esse foi um dos conceitos que Watson mais utilizou e estudou para o desenvolvimento de sua escola de pensamento. Tal metodologia foi utilizada por ele no famoso experimento com o “Pequeno Albert”, em que Watson eliciou no bebê a resposta emocional de medo, ou seja, o fez aprender a ter medo de determinados tipos de estímulo. Foi basicamente assim: Watson apresentou ao bebê um rato, o qual a priori não era temido pela criança. Depois passou a apresentar esse mesmo estímulo (rato) emparelhado com outro estímulo: um barulho muito forte, que fazia o bebê se assustar, ter medo. Após sucessivos emparelhamentos, Watson parou de apresentar o barulho ao mesmo tempo em que apresentava o rato e, ainda assim, o pequeno Albert exibia comportamentos medrosos. Depois disso Watson chegou até mesmo a mudar o estímulo original (rato) para outros como coelho, bicho de pelúcia e até mesmo uma máscara que lembrava um coelho ou um rato e o bebê continuava a apresentar o mesmo comportamento: de medo. Para entender melhor, assista ao vídeo abaixo:




É claro que Pavlov não é o único pesquisador antecedente ao Behaviorismo que merece atenção, dentre outros que podemos citar estão Thorndike, Romanes e até mesmo o próprio Darwin, logo, pode-se entender que há uma história por trás do Behaviorismo que é muito longa para ser contada num blog. Pelo menos no começo de um blog, com as idéias todas embaralhadas sobre o que escrever! Porém, espero que tenham gostado da postagem de hoje.

quinta-feira, 8 de março de 2012

O Behaviorismo de Watson


Resumidamente, o Behaviorismo nasce com John B. Watson nos Estados Unidos através do manifesto “A Psicologia como o Behaviorista a vê”, de 1913. Nele, Watson, que foi o aluno mais jovem a obter título de doutor na University Of Chicago, apresenta claramente sua vontade de criar uma nova escola de pensamento e ir contra o que a Psicologia estava proporcionando na época: o entendimento do homem através de métodos mais mentalistas e pouco científicos, por assim dizer; como, por exemplo, a introspecção, que é considerada “a autoanálise da mente para inspecionar e relatar pensamentos ou sentimentos pessoais” (SCHULTZ & SCHULTZ, p. 85), mas ainda assim ela procurava um embasamento mais objetivo, nas ciências naturais.
Watson, porém, queria que a Psicologia entrasse de vez no campo das ciências naturais, desvencilhando-se daquela metodologia em que estava imersa e se estabelecendo finalmente como ciência. Para tanto, ele apresenta métodos diversificados, somente objetivos, passíveis de observação. Para ele, esses métodos incluíam a observação, o método de testes, de relato verbal e de reflexo condicionado¹, sendo o método de observação é a base para todos os outros métodos.
No entanto, nem tudo foi tão fácil assim, por exemplo, o método de testes já era utilizado pela Psicologia, contudo, Watson propunha que eles funcionassem como amostragens de comportamento e não como instrumento para apontar “qualidades mentais”.
O método de relato verbal também foi bastante criticado uma vez que Watson não dava crédito algum à introspecção, rebatendo as críticas dizendo que “Falar é fazer – ou seja, comportar-se. Falar abertamente ou para nós mesmos (pensar) é um comportamento tão objetivo quanto jogar beisebol” (Watson, 1930).
Já o método do reflexo condicionado foi adotado dois anos depois da publicação do manifesto behaviorista, em 1915. Método o qual Watson foi um grande responsável por disseminar.
Como qualquer tendência que promove novos padrões e metodologias na ciência é criticada, o behaviorismo de Watson não fugiu disso, sendo considerado pelos psicólogos da época uma visão muito radical, que até mesmo para os que defendiam a objetividade na Psicologia, negligenciava processos sensoriais e a percepção do indivíduo.



É óbvio que tal postagem só se faz válida para introduzir o Behaviorismo de forma muito sucinta, sem acrescentar muitos pormenores, os quais serão acrescidos no decorrer do tempo, em novas postagens. Perdoem-me os erros, se esses existirem (e provavelmente devem existir!) e me ajudem nos comentários a escrever cada vez melhor!





¹Reflexo condicionado é um termo cunhado por Ivan. P. Pavlov, antecedente ao Behaviorismo que, obviamente, teve grandes contribuições para o desenvolvimento dessa escola de pensamento. Autor para o qual dedicarei outra postagem, até mesmo para poder embasar-lhes melhor sobre a Psicologia de Watson e o Behaviorismo Radical de B. F. Skinner.

quarta-feira, 7 de março de 2012

Introdução ao Blog

Eu me chamo Renan Miguel, sou paranaense, estudo Psicologia no Centro Universitário de Maringá (Cesumar) e estou no terceiro ano do curso. A Psicologia, ao contrário do que muitos pensam, não é uma linha de pensamento unificada. Ela propõe várias abordagens teóricas para compreender o mundo e os sujeitos que o habitam enquanto seres humanos. Dentre todas estas abordagens, as quais não são poucas, me identifiquei com o Behaviorismo Radical, proposto por B. F. Skinner, sobre o qual falarei mais tarde, em outra postagem. Óbvio que também falarei das outras abordagens e seus respectivos teóricos: Psicanálise, Psicologia Analítica, Gestalt, Sócio-Histórica, Sistêmica, Cognitivo-Comportamental e outras que me forem pertinentes falar sobre. 
Também pretendo discutir temas atuais que possam, de alguma forma, serem passíveis de uma análise comportamental, abordando conceitos básicos, fundamentações teórico-filosóficas e críticas, obviamente embasados no Código de Ética proposto pelo Conselho Federal de Psicologia.
Discorrerei em alguns momentos sobre temas básicos e também polêmicos, que motivam controvérsias entre teóricos, e alguns tabus encontrados na Psicologia: comportamento, subjetividade, mente, alma, sonho, espiritualidade, sexualidade, consciência, entre outros, porém, sempre embasado na visão behaviorista radical; mas algo já vou lhe adiantar: não se engane quando te disserem que a psicologia é a ciência que estuda a mente ou a ciência que estuda a alma.Tais conceitos - mente e alma - não são compatíveis com um estudo científico, mesmo que nas origens da palavra "psicologia" você encontre que psiqué e logia, do grego, respectivamente signifiquem alma e estudo. 
O que muitos teóricos e o que eu também considero é que a Psicologia estuda o comportamento humano, o qual será tema central deste blog. 
Ao tempo que eu for fazendo postagens, você leitor, entenderá melhor minha posição e ponto de vista acerca do mundo e do homem e também das abordagens que propõem o estudo de tais elementos.
Espero que gostem!