Ontem assisti a um documentário incrível sobre o 11 de setembro, chama-se: "11/09 na Visão da Al Qaeda". É interessante que ninguém nunca teve "a coragem" de ver a história pelo outro lado da moeda, digamos assim. É óbvio que a Al Qaeda teve os motivos dela para agir dessa maneira, mas não é nesse aspecto que quero falar desse documentário aqui.
Conforme eu estava assistindo, algumas coisas (um tanto óbvias, confesso) me chamaram atenção: a primeira é que o controle religioso é extremamente rígido. Claro que todos devem saber disso, mas eu realmente fiquei impressionado com a capacidade que uma religião consegue controlar o homem. Obviamente que tal controle só existe porque o grupo controlado valoriza a Agência Controladora, como diz Skinner (1979).
Outro ponto que me chama atenção é a "inteligência" de Osama bin Laden. Ele realmente sabia como exercer o controle sobre aqueles que o seguia. Havia treinamentos para sequestro de aviões e era durante esses treinamentos que os sequestradores que mais se destacavam eram selecionados. No entanto, o sujeito selecionado tinha um perfil ideal: uma pessoa valente, no entanto calma e prudente, com total disposição de morrer como mártir pelos propósitos de Alá. E Osama sempre os reforçava, havia destaque dos futuros mártires perante o grupo.
Os propósitos de Alá, ao meu ver, eram os propósitos do próprio Osama bin Laden, no entanto, ele e o grupo realmente acreditavam no que os guiava: Alá queria a destruição dos Estados Unidos da América. Não era de uma pessoa, era toda a nação. É como se o território onde os EUA é situado fosse maldito ou algo do gênero. E seus seguidores estavam prontos para matar e morrer pela causa no momento em que ele desse "a ordem".
Para termos uma noção do controle exercido, a Al Qaeda matou o maior inimigo do Talibã simplesmente para que ele apoiasse os "propósitos de Alá". Esforços não eram medidos para conseguir o que queriam. Inclusive, o projeto original era de explodir várioas aviões, ao mesmo tempo, em diferentes partes do mundo, para que o terror sobre os homens fosse maior. Contudo, bin Laden achou que o plano era pretensioso demais e resolveu fazer só dos EUA o alvo principal.
Osama sabia exatamente como agir para conseguir que seus objetivos religiosos fossem alcançados. Sabia como reforçar negativa e positivamente aqueles que o seguiam. Seus seguidores morreriam por ele e "pela grande causa" sem pestanejar. E bin Laden queria que eles morressem por isso. O interessante é que ele reforçava positivamente aqueles que se propunham a isso, mas jamais faria pessoalmente o que planejava.
Osama bin Laden era um psicopata, simplesmente. E a Al Qaeda estava cheia de psicopatas também. Um exemplo é o seguidor de bin Laden que aparece dando depoimentos no vídeo (reparem na taça que tem ao lado dele. Torço para que seja vinho, porque se for coca-cola é realmente muito irônico) e outro exemplo é o biólogo da Malásia que só trabalhava com anthrax. A maioria das pessoas entrevistadas relatam que comemoraram e sentiram imensa felicidade quando as torres gêmeas foram atacadas. O controle era exercido também pela televisão, todos os mártires foram homenageados na TV com montagens representando o paraíso em que eles estavam depois que morreram.
As conclusões que cheguei depois de ver tal documentário é de que tanto a Al Qaeda como os EUA esqueceram dos seres humanos. A Al Qaeda porque queria o extermínio inconsequente de uma nação e os EUA por querer responder à altura, como se pode ver nos poucos depoimentos do Bush que aparecem no vídeo.
Osama bin Laden me remeteu a Hitler. Ambos "inteligentíssimos", que acreditavam no que queriam e que conseguiam exercer um controle quase que sobre-humano nos grupos que os seguiam. No entanto, não enxergavam a crueldade de seus atos. Um por uma purificação do mundo e o outro por Deus.
Assistam ao documentário, realmente vale a pena:
A referência de Skinner, 1979, usada no texto é o livro Ciência e Comportamento Humano (Ed. Martins Fontes).
Indicações de leitura: capítulos XXII até o fim do livro deste citado acima, com atenção ao capítulo XXIII que fala sobre controle religioso e o livro Coerção e Suas Implicações do Murray Sidman (Ed. Livro Pleno).