No último sábado (6), fui no I Seminário de Análise do Comportamento da Universidade Estadual de Maringá (UEM) que teve como coordenadora a Dra. Carolina Laurenti.
Entre as palestras que foram ministradas, gostaria de dar um resumo da apresentação do professor Dr. José A. D. Abib. Um ser humano incrível, diga-se de passagem. Sua palestra tinha o título: "Skinner, democracia e anarquia". Aqui serão feitas referências à palestra e também colocarei opiniões próprias.
O texto base, é obviamente o capítulo 1 do livro do Skinner "Reflections on Behaviorism and Society" e Abib também indica a leitura do livro "A Política" de Aristóteles.
O professor começa a palestra falando sobre os tipos de governo que existem e começa a fazer inferências sobre qual estilo governamental seria a utopia de Skinner, o Walden II, uma vez que lá,
a priori, não possui um governo propriamente dito. Abib faz reflexões e chega à conclusão de que Walden II possa ser uma aristocracia. Entretanto, Skinner se define como uma anarquista benigno, logo, ele talvez possa se mostrar contra a democracia.
No entanto, o que Skinner entende por governo, se ele é contra o controle aversivo e também contra o contracontrole. Na verdade, Skinner é totalmente contra a violência.
Entretanto, Skinner reconhece um fator importante da democracia: ela tenta amenizar o controle aversivo através do uso da diplomacia, por exemplo. Afinal, muitas questões, se não fossem resolvidas diplomaticamente, já teríamos a 3ª Guerra Mundial ou talvez a 4ª e a 5ª. Ele reconhece o valor que a democracia tem para valorizar a vida dos seres e também e a busca pelo reforçamento positivo que isso causa.
Segundo Skinner, todo regime de governo deveria ter ao menos dois pontos principais: a liberdade e a felicidade. A principal crítica de Skinner, se dirige à democraria representativa, onde os representantes usam a ocupação do poder, ou seja, o controle se concentra naqueles que "foram escolhidos" pelo povo. E é aí que Skinner diz que jamais devemos delegar soberania aos outros. Podemos concluir, então, que Skinner é contra eleições e contra a concentração do poder.
Abib diz que a democracia representativa exisitria no bem-estar social. Além disso, esse bem-estar social libera consequências positivas que NÃO SÃO contingentes às situações. Essa democracia social (que não está livre da democracia representativa) apresenta consequências positivas para quem não precisa, por exemplo, ricos não pagam impostos altos, de modo que os bens são distribuídos a evitar o contracontrole e a tributação pesada cai justamente sobre aqueles que não têm condições.
No texto (o capítulo 1 do livro "Reflections on Behaviorism and Society"), Skinner trabalha com dois conceitos de cultura: o primeiro é a "cultura antiga", a segunda é a "cultura atual". Na primeira, o ambiente é dividido entre Estado (poderes legislativo, judiciário, etc.), Economia e Cultura (artes, religião, educação. Isso vem dos pensadores romanos, "cultivar" -que é cultura em sua origem taxonômica- como educação, sofisticação, etc.)
Já o sentido atual de cultura diz que tudo é cultura. Após essa distinção, Skinner diz que a democracia é cultura. Nos dois sentidos. Sendo que no antigo é num nível micro (exclui o Estado e a sociedade é restrita) e a atual é num nível macro (envolveria o Estado, a sociedade, a Cultura no sentido antigo).
Skinner prefere a democracia antiga simplesmente pelas contingências serem menos instituicionalizadas, ou seja, são menos arbitrárias e, por conseguinte, mais naturais. Entretanto, ele aceita e reconhece a importância das indústrias e do Estado numa socieade. Desse modo, ele critica o Estado, as instituições, as regrças e o reforçamento planejado... defende o reforçamento natural.
Então, o que Skinner quer? Controle face a face. Controle NÃO é governo. Governo exerce o poder em favor da oligarquia. O controle defende o POVO. A palavra controle demanda elite, mas não exploradora, e sim, em favor das pessoas. O controle é feito POR pessoas PARA pessoas.
Skinner não é inimigo da liberdade nem da democracia. O que ele prefere é uma democracia anarquista. Nas palavras de Abib: "O anarquismo é o ódio ao poder à humanidade".
Sendo assim, Walden II é anarquista? Se o anarquismo é uma democracia, então sim. Mas parece que há uma aristocracia. Frasier (um dos personagens principais da novela utópica) é tecnólogo do comportamento, cientista. E é um dos líderes de Walden II (aristocracia demanda líderes que são capacitados para exercer tal cargo). Walden II é um autoritarismo? Há um aspecto autoritário, onde as pessoas não podem discutir problemas relacionados a Walden entre si. Que é o que faria Abib não morar em Walden, segundo ele.
Por fim, Abib conclui: Walden II é misto. É anarquia, é democracia e uma aristocracia técno-científica e a população não pode discutir o código de conduta de Walden entre si, o que é o aspecto autoritário.
Quando eu terminei de ler o livro Walden II eu disse: não conseguiria morar lá, mas não consegui discriminar muito bem o motivo. Creio que Abib tenha me ajudado um pouco.
O livro que contém o texto base é esse:
(Foto: Meu livro. Importado de uma biblioteca de Ohio)