domingo, 10 de março de 2013

A morte por overdose: Suicídio?

Hoje me deparei com uma imagem no Facebook com várias fotos de artistas, como Cássia Eller, Cazuza, Renato Russo, Kurt Cobain, Amy Winehouse, Michael Jackson, Chorão, entre outros, dizendo que não importava o quanto a pessoa era legal ou talentosa, porque morrer por overdose é suicídio e ainda alertava a "juventude" de que as drogas matam. 
E podem matar mesmo, mas quem somos nós para rotularmos aqueles que supostamente morreram por overdose? Cássia Eller, Cazuza e Kurt Cobain são exemplos de artistas que com certeza não morreram de overdose, embora usassem drogas de abuso. Creio que um comportamento como esse de pré-julgar e "apontar o dedo" para essas pessoas é um tanto quanto ignorante.
Como bons behavioristas que devemos ser, primeiramente deveríamos analisar as contingências das quais o comportamento de usar droga pela primeira vez foi função. Como esse comportamento foi instalado e como as contingências mantém esse comportamento no repertório do sujeito.
Outro ponto importante é entendermos como essas contingências que mantém esse comportamento podem influenciar no aumento da taxa de frequência do uso da droga, e também como outras contingências atuam na mudança gradual do uso de uma droga mais leve (por exemplo, a maconha) para o uso de uma droga mais pesada (por exemplo, a cocaína). 
É óbvio que todas as drogas de abuso, medicamentos, bebidas, cigarro etc, têm efeitos reforçadores. É como diz o senso comum "se não fosse bom, ninguém usava". Não mesmo. Mas deve se pensar nas consequências a longo prazo. Entre essas consequências, pode estar a morte. No entanto, seria a morte de um usuário de drogas um suicídio realmente?
Talvez não. Eu creio que só se pode considerar um comportamento assim como suicídio se o sujeito que se mata tem consciência das variáveis das quais seu comportamento é função. Em outras palavras, se o sujeito souber a situação psicológica que ele se encontrava quando usou tanta droga a ponto de morrer. E o mais importante, repetirei: deveríamos pré-julgar e apontar o dedo para quem SUPOSTAMENTE morreu de overdose ou deveríamos analisar as contingências das quais o comportamento de usar drogas era função desde sua instalação até a crescente frequência do uso no repertório do sujeito (o que muitas vezes pode auxiliá-lo a não chegar no ponto extremo da morte por overdose)?

Esse texto expressa mais uma indignação, digamos assim. Como vocês podem perceber, caros leitores, foi um texto muito mais informal e menos teórico que os outros. Outra coisa que quero salientar: eu não estou defendendo nem acusando ninguém. Eu sou contra o uso de drogas (por motivos pessoais que não serão expostos aqui). Mas por outro lado, respeito quem tem uma opinião contrária à minha. Peço-lhes desculpas se esse texto, de alguma forma, lhes incomodou.

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