terça-feira, 30 de julho de 2013

III Encontro Regional de Psicologia



Dos dias 7 a 9 de agosto ocorrerá no Centro Universitário Cesumar (UniCesumar) o III Encontro Regional de Psicologia.

Confiram a Programação*:

MINICURSOS

Psicologia Organizacional”
com Bruno Eduardo Procopiuk Walter

“Psicologia do adolescente”
com Marli Aparecida Calça Sanches

“Sexualidade humana
com Eliane Rose Maio

“Bullying e a customização de comportamento”
com Lizia Helena Nagel 

“Os desafios do psicólogo na área jurídica mediante as demandas da atualidade”
com Valéria Codato Antonio Silva
 
“Avaliação em problemas de aprendizagem” com Gescielly Barbosa da Silva Tadei

"Infância Medicalizada”
com Marta Della Torre

“O ciúme e o amor na visão da analise comportamental”  
com Nione Torres 


PALESTRAS

"As práticas atuais da psicologia e cenário brasileiro da profissão do psicólogo”
com Oswaldo Hajime Yamamoto

“Psicologia Institucional”
com Calvino Camargo

“Clínica Contemporânea em Psicanálise”
com Soledad Cristina A. G. Ferdinandi

“Neurociência e Psicologia Cognitiva”
com Luiz Carlos Faria da Silva

“Neuropsicologia e Desenvolvimento humano”
com Silvana Regina de Melo



 *A programação está incompleta, só postei os minicursos e palestras. Além disso haverá momento cultural, apresentações orais ou banners por parte daqueles que se inscreverem e também não fiz separação por dia e horário, mas quem quiser conferir melhor e obter mais informações (sobre inscrição e preços, por exemplo), acesse este link.

Se meus trabalhos forem aprovados, estarei apresentando oralmente os seguintes temas:

"Implicações do comportamento verbal no contexto clínico analítico-comportamental" e
"Algumas inferências teórico-filosóficas skinnerianas sobre mecanismos de defesa freudianos".

Espero todos vocês lá!
 


segunda-feira, 29 de julho de 2013

Alguns Mecanismos de Defesa freudianos sob olhar do Behaviorismo Radical de Skinner: Resumo Expandido

Algumas pessoas se mostraram interessadas no trabalho que apresentei no Encontro Sul-Brasileiro de Análise do Comportamento. Como não posso postar o artigo na íntegra antes de ser publicado, lhes darei o resumo expandido nesse post. Espero que gostem. Quaisquer perguntas, sintam-se livres para fazer. Segue abaixo:

Resumo
Introdução: Os mecanismos de defesa foram elaborados na teoria psicanalítica de S. Freud e designam diferentes operações mentais que têm como principal função proteger o indivíduo daquilo que lhe possa causar algum sofrimento psíquico. Segundo teóricos psicanalíticos, todos esses mecanismos se processam pelo ego, sendo, em sua maioria, inconscientes. Já o ego é considerado parte de uma estrutura mental, na qual ainda existem outras duas estruturas chamadas id e superego, que compõem a tríade mental que determina como se dá a personalidade do indivíduo. Essa tríade surge da necessidade do organismo de fazer transações entre o mundo interno e o mundo objetivo externo. Entretanto, todos esses conceitos partem (e fazem parte) de explicações mentalistas para o comportamento. Explicações essas que, para os behavioristas radicais, são no mínimo insuficientes e insatisfatórias, uma vez que o comportamentalismo entende que a maneira pela qual um organismo se comporta depende muito mais de variáveis ambientais das quais o comportamento é função do que de uma possível mente de natureza imaterial. Visto isto, esta pesquisa teve como objetivo principal entender como o Behaviorismo Radical poderia contemplar alguns mecanismos de defesa freudianos pautando-se não em uma estrutura mental para explicar estes fenômenos, mas na sua relação com o controle aversivo, com princípios do reforçamento negativo, dos comportamentos de fuga e esquiva e também da punição.
Método: Este projeto foi realizado com base em livros e artigos científicos nacionais e internacionais, em textos do próprio Skinner e do Freud, bem como seus comentadores contemporâneos que expõem conceitos de mecanismos de defesa, na visão de ambos os autores; de controle aversivo, fuga e esquiva e outros conceitos que possam explicar alguns mecanismos de defesa. Para tanto, foi realizada uma pesquisa bibliográfica, a fim de contemplar a relação entre estes conceitos e entender qual é a visão do Behaviorismo Radical sobre os mecanismos de defesa ditos inconscientes pela teoria psicanalítica de Freud.
Resultados: Os mecanismos de defesa, para psicanálise, servem basicamente para defender o ego daquilo que ele não está preparado para enfrentar. Talvez tais mecanismos possam ser descritos em comportamentos de fuga e esquiva que um indivíduo apresenta quando está sob controle aversivo. Visto isso, esta pesquisa contemplou a análise dos seguintes mecanismos: repressão, negação, projeção, sublimação, formação reativa e identificação. Sob a visão psicanalítica, a repressão seria considerada um mecanismo que mantém fora da consciência impulsos, ideias e sentimentos que são inaceitáveis por provocarem ansiedade. A negação seria o bloqueio de algumas percepções do mundo externo ou a negação da própria existência para se proteger. O mecanismo de projeção poderia ser descrito como um processo da mente pelo qual características do próprio indivíduo não são aceitas conscientemente, e assim, atribuídas ao meio. Já a formação reativa seria a adoção de um comportamento oposto à tendência reativa que o sujeito tenta esconder. A sublimação seria explicada como desejos inaceitáveis que são expressos de forma socialmente aceita; e na identificação, a pessoa assumiria características de outra e as adequariam à sua própria personalidade. As explicações behavioristas apresentadas para se entender os mecanismos de defesa mostra que esses fenômenos estão potencialmente relacionados com o reforçamento negativo, que, por conseguinte, associam-se a comportamentos de fuga e esquiva que o indivíduo pode apresentar, num primeiro momento. Assim, a repressão pode ser explicada como um comportamento de esquiva em relação às contingências aversivas semelhantes às que causaram um dado trauma ou a falta de sensibilidade a essas contingências. A negação seria basicamente a fuga de situações potencialmente aversivas, que causariam demasiado sofrimento. A projeção teria uma relação com a supressão do comportamento punido ou com o comportamento que fosse ao menos passível de punição. A formação reativa poderia ser explicada por meio da emissão de um comportamento incompatível com o punido. A sublimação, por sua vez, poderia ser explicada como um comportamento que é emitido de modo a receber reforçamento positivo. E, por fim, a identificação poderia ser explanada recorrendo-se ao princípio do comportamento imitativo.

Discussão: Concluiu-se que os mecanismos de defesa estão relacionados com fuga e esquiva, podendo ser mantidos pelo reforçamento negativo além de poderem estar relacionados com a busca pelo reforçamento positivo e com comportamento imitativo. Freud contribuiu para o conhecimento humano, mas as variáveis ambientais tiveram papel secundário em sua teoria. Por fim, concluiu-se que as explicações mentalistas não ficam num domínio comportamental para explicar atos humanos, mas partem deles para inferir causas internas ao comportamento.

Referências
Adams, H. E.; Wright Jr., W. L.; Lohr, A. B. (1996) Is Homophobia Associated With Homosexual Arousal? Journal of Abnormal Psychology, Vol. 105, n. 3, pp. 440-445.
Braghirolli, E. M.; Bisi, G. P.; Rizzon, L. A.; Nicoletto, U. (2010) Psicologia Geral. 29 ed. Petrópolis: Editora Vozes.
Brenner, C. (1987) Noções Básicas de Psicanálise. São Paulo: Imago.
Cabral, A.; Nick, E. (2000) Dicionário Técnico de Psicologia. São Paulo: Cultrix.
Freud, S. (2006) Cinco Lições de Psicanálise, Leonardo da Vinci e outros trabalhos (1910). Rio de Janeiro: Imago.
Freud, A. (2006) O ego e os mecanismos de defesa. Porto Alegre: Artmed.
D’Andrea, F. F. (2001) Desenvolvimento da personalidade: enfoque psicodinâmico. 15ª ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil.
Guilhardi, H. J. Um modelo comportamental de análise de sonhos. In Rangé, B. (1998) Psicoterapia comportamental e cognitiva de transtornos psiquiátricos. Ed. Psy II.
Hall, C. S.; Lindzey, G; Campbell, J. B. (2000) Teorias da Personalidade. Porto Alegre: Artmed.
Kohlenberg, R. J.; Tsai, M. (2006) FAP – Psicoterapia Analítica Funcional: Criando Relações Terapêuticas Intensas e Curativas. Santo André: ESETec.
Moreira, M. B.; Medeiros, C. A. (2007) Princípios Básicos de Análise do Comportamento. Porto Alegre: Artmed.
Roudinesco, E.; Plon, M. (1998) Dicionário de Psicanálise. Rio de Janeiro: Zahar.
Schultz, D. P.; Schultz, S. E. (2011) História da Psicologia Moderna. São Paulo: Cengage Learning.
Sidman, M. (1995) Coerção e suas implicações. Campinas: Psy II.
Skinner, B. F. (1938/1991) The Behavior of Organisms. Cambridge: B. F. Skinner Foundation.
Skinner, B. F. (1956) Critique of Psychoanalytic Concepts and Theories. In H. Feingl; M. Scriven (Eds.) The Foudations of Science and the Concepts of Psychology and Psychoanalysis (Minnesota Studies of the Philosophy of Science, Vol. 1, pp. 77-87). Minneapolis (MN): University of Minnesota Press.
Skinner, B. F. (1965) Science and Human Behavior. New York: The Free Press.
Skinner, B. F. (1969) Contingencies of Reinforcement – A Theoretical Analysis. New York: Appleton-Century-Crofts.
Skinner, B. F. (2006) Sobre o Behaviorismo. 10 ed. São Paulo: Cultrix.
Skinner, B. F. (1978) O Comportamento Verbal. São Paulo: Cultrix.
Teixeira Júnior, R. R.; Souza, M. A. O. (2006) Vocabulário de Análise do Comportamento – Um manual de consulta para termos usados na área. Santo André: ESETec.
Zimerman, D. E. (1999) Fundamentos Psicanalíticos: teoria, técnica e clínica. Porto Alegre: Artmed.

domingo, 28 de julho de 2013

Associação Brasileira de Análise do Comportamento - ACBr

"Proposta escrita pelo Prof. Roosevelt Starling

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ANÁLISE DO COMPORTAMENTO – ACBr

Caros colegas,

Até a presente data, não temos uma representação social própria.

Este estado das coisas não foi, todavia, empecilho para que experimentássemos um extraordinário crescimento nas últimas décadas. Extraordinário não porque nosso número seja grande hoje, mas porque partimos de um número muito pequeno, exatamente daqueles poucos brilhantes e dedicados estudantes que, na década de 70, buscaram fora do nosso país sua primeira formação na Análise do Comportamento e no Behaviorismo Radical e que, pouco depois, trouxeram para o nosso país o saudoso Prof. Fred Keller, formando então o berço da nossa ciência no Brasil.

Sabemos que hoje nós, os interessados na Ciência do Comportamento, somos bem mais do que aqueles poucos pioneiros, mas o fato é que não sabemos ao certo quantos somos, não conhecemos ao certo nosso peso, não conhecemos ao certo nosso potencial e, assim, não conhecemos também a quais contingências deveríamos atentar, responder ou dispor para que possamos avançar na construção de um sólida representação analítico-comportamental no nosso país. Noutras palavras, ainda não conseguimos nos organizar e nos agregar para promovermos com especificidade o avanço da nossa ciência.

Nos últimos 22 anos temos nos abrigado na ABPMC, Associação Brasileira de Psicologia e Medicina Comportamental, uma associação de vocação eclética, como indica a sua própria denominação e estatuto.

Vinte e dois anos é um tempo considerável. Neste período, assistimos colegas interessados noutros modelos, noutros quadros referenciais, desejarem formar suas próprias associações, na busca de condições mais específicas e mais propícias para o seu desenvolvimento. Tal foi o caso, por exemplo, dos colegas cognitivistas, que fundaram a SBTC. Boa parte de nós viu com aprovação este movimento, entendendo como justa a sua busca de uma identidade inequívoca e de uma representação própria, no momento em que tiveram o número suficiente de interessados para isso.

Alguns de nós acreditamos que este momento também chegou para nós. Temos agora o número suficiente e mais do que isso: acreditamos que precisamos, com rapidez, aproximar ainda mais os colegas da clínica analítico-comportamental, da pesquisa básica e aplicada e demais aplicações analítico-comportamentais no bojo de uma associação integralmente voltada para o estudo, promoção e disseminação da nossa matriz cultural. Pensamos também que, nas diversas instâncias e situações de interesse específico e especializado da nossa ciência, não nos ajuda adiar a constituição de uma representação social e que possa falar por todos nós com a legitimidade que decorre da asserção pública e clara das nossas singularidades enquanto comunidade verbal científica naturalística.

Estamos, assim, lançando o convite para a fundação da Associação Brasileira de Análise do Comportamento, ACBr, e convidando o/a colega vir caminhar conosco.

Criamos um grupo no Yahoogroups (http://tech.groups.yahoo.com/group/acbr_aba) com a finalidade única de registrar sua pré-adesão. Evidentemente, a pré-adesão em nada obriga àquele/a que a fizer. Somente confirma o seu interesse preliminar e nos autoriza, oportunamente, enviarmos uma comunicação convidando você a se informar melhor e formalizar a sua adesão, caso ainda seja do seu interesse.

Como registrar o seu interesse: simplesmente envie um e-mail em branco endereçado para: acbr_aba-subscribe@yahoogroups.com ou siga este link (por favor, observe o “underline”: acbr_aba...etc.). A seguir, o Yahoogroups lhe enviará um e-mail solicitando que confirme a sua inscrição. Para fazer isso, simplesmente clique em “responder” e envie. Pronto! Você receberá um e-mail avisando-o/a do seu registro e já será um membro (ou, neste caso, já terá expressado seu interesse). Por favor, verifique seu lixo eletrônico. O e-mail pedindo confirmação pode ter ido para lá. 

Siga o link e junte as suas forças às da sua comunidade verbal. Esperamos e desejamos ter você junto conosco.

Propomos os seguintes passos para operacionalizar o projeto:

- Mediante um pequeno número de pré-adesões, constituiremos uma comissão provisória composta de:

Um pesquisador básico

Um pesquisador aplicado

Um clínico analítico-comportamental

Um pesquisador de educação especial e autismo

Um representante estudantil (pós-graduação)

Esta comissão terá a missão de propor um estatuto preliminar e se dissolverá automaticamente a seguir.

- Este estatuto preliminar gerará uma proposta formal de adesão dos interessados.

Uma nota importante: como ficaria nossa relação com a ABPMC? Uma resposta definitiva a esta questão só poderá ser dada, por um lado, pelo corpo da ACBr ainda a ser constituído e, por outro, pela própria ABPMC. Da maneira como vemos, pertencer a uma associação não exclui pertencer a qualquer outra que se deseje. As especificidades se referem às práticas verbais e à ação profissional e não às pessoas; poliglotas existem e coexistem. O que preliminarmente desejaríamos seria uma associação irmã da ABPMC, que poderia perfeitamente, pensamos, realizar seu encontro anual no mesmo tempo e local da ABPMC, embora com programa paralelo. As demais ações da ACBr, no sentido de avançar para uma profissionalização própria e de assegurar sua representatividade social plena provavelmente seguirão caminhos próprios."


Segue o link do Yahoo Group: acbr_aba : Assoc. Bras. Análise do Comportamento tech.groups.yahoo.comacbr_aba: Assoc. Bras. Análise do Comportamento

É de extrema importância que todos os Analistas do Comportamento e Behavioristas Radicais brasileiros demonstrem seu interesse. Outro ponto importante, que muitos de nós pensamos, como o próprio amigo Alessandro do famoso blog Olhar Beheca, é que o Brasil precisa perder essa regra de que o Behaviorismo Radical é exclusivo a psicólogos. Existem engenheiros, arquitetos, designers, biólogos (William Baum, por exemplo), que são Behavioristas. O leque deve ser aberto, mas isso é uma discussão que não cabe a mim ainda. Não de maneira formal, pelo menos.

Rumor e fofoca: uma breve compreensão sob olhar skinneriano

O rumor é algo que é recorrente em nossa cultura. Vizinhos falando sobre sua vida, você falando sobre a vida dos seus vizinhos. Seus vizinhos e você comentando a vida de alguém que nem conhecem, seja sob controle de encobertos, seja sob controle textual de uma revista como as "Tititis" da vida, como acontece com as ditas celebridades das tão bem chamadas "revistas de fofoca". 
Programas de TV como da apresentadora Sônia Abrão, onde a vida de pessoas públicas são escancaradas e, também, programas específicos como o do apresentador João Klebber onde pessoas anônimas são convidadas a revelarem segredos mais íntimos para pessoas que lhe são importantes em rede nacional, de modo que não só a plateia participa, mas todos aqueles que ligarem a TV no horário que o programa está sendo exibido. O mesmo acontece com o programa "Casos de Família". Todos os brasileiros que estiverem sintonizados naquele canal estarão comentando a vida de pessoas anônimas, que nunca tinham visto antes e não têm nem ideia de como foi a vida de quem se presta a tal exibição (ora bolas, os próprios apresentadores que são pessoas -ditas- TÃO importantes se dão a esse luxo! Se eles podem, por que não nós, "meros mortais"?!).


A questão é: por que falamos de terceiros e, por que é tão reforçador tanto para falante como para ouvinte falar de terceiros?

 Para entendermos esse princípio, creio que temos que recorrer ao que Skinner explana sobre comportamento ecoico. Esse é um dos operantes verbais apontados pelo autor no Verbal Behavior (1957), que está entre o mando, o tato, o comportamento textual e o comportamento intraverbal. Estes dois últimos e o comportamento em questão (ecoico) têm uma característica peculiar que os difere dos demais: eles estão sob controle de uma variável também verbal. 
O comportamento ecoico pode ser exemplificado claramente quando vemos um professor, numa escola qualquer, pedindo para que os alunos repitam uma palavra, por exemplo, CASA, e os alunos ecoam: casa.
Através desse exemplo, vemos a principal propriedade do comportamento ecoico: ele um operante que apresenta correspondência ponto-a-ponto entre um estímulo verbal vocal e uma resposta verbal vocal. (Também existe um tipo especial de comportamento ecoico, chamado comportamento auto-ecoico, onde o falante repete o que ele mesmo diz, mas não se faz pertinente nesse texto aprofundarmos nesse subtipo específico).
Geralmente, o comportamento ecoico é instalado e mantido no repertório de alguém por meio daquilo que Skinner (1957) chama de reforçamento educacional. Entretanto, o comportamento ecoico pode ser reforçado mesmo quando o falante não está sendo explicitamente educado. Por exemplo, uma pessoa pode ser reforçada quando repete alguma coisa para uma terceira pessoa (ou seja, ela faz parte de uma audiência que possivelmente tem interesse naquilo que está sendo verbalizado, além de estar sob controle de um estímulo verbal vocal anterior e, nesse caso, ecoando a resposta vocal para outrem). E, uma vez que essa terceira pessoa é um ouvinte, ela tem o poder de reforçar o comportamento do falante (Skinner, 1957/1990).
Skinner (1957) também aponta que há várias fontes indiretas de reforçamento para o comportamento ecoico. Por exemplo, um sujeito é reforçado por ecoar verbalizações emitidas por outros numa conversa porque essas verbalizações são mais prováveis de serem partes efetivas do repertório verbal de quem está ouvindo.
E isso é claramente visto em nosso cotidiano: no colégio, ecoamos respostas verbais que são ofensivas a um determinado sujeito para ouvintes cujos quais também têm tal sujeito como aversivo em seu ambiente. Por outro lado, ecoamos elogios àqueles que também sintam empatia ou se interessam pelo sujeito em questão. Também podemos simplesmente ecoar notícias que irão "chocar" a audiência, apenas porquê têm essa função.
O rumor, introdutoriamente, pode ser explicado pelos princípios do comportamento verbal ecoico. Já a fofoca propriamente dita, envolve o comportamento intraverbal, pois emitimos respostas que não são correspondentes ponto-a-ponto com estímulos verbais antecedentes. "Fulana está grávida e fará exame de DNA para comprovar a paternidade da criança" pode ser repetida* como "Fulana está grávida, você acredita?! E ela é tão 'danadinha' que nem sabe quem é o pai!". 
Entretanto, ainda assim, fofocar em nossa cultura é valorizado porque é possivelmente é reforçada com o choque das pessoas e, com isso, sua função é mantida com dada força no repertório do indivíduo. Como Skinner (1953) aponta, uma pessoa é generalizadamente reforçada quando a outra se submete a seu poder. 



*o termo não é utilizado como sinônimo de "pode ser ECOADA", pois NÃO HÁ correspondência ponto-a-ponto entre estímulo antecedente e resposta, como foi explanado.

Referências

Skinner, B. F. (1953) Science and Human Behavior. New York: The Free Press.
Skinner, B. F. (1957) Verbal Behavior. Cambridge: Copley Publishing Group (B. F. Skinner Foundation)
Skinner, B. F. (1990) Questões Recentes na Análise Comportamental. 5 ed. Campinas: Papirus Editora.